A escada é um dos elementos que permite realizar o deslocamento vertical em edifícios que possuem algum desnível ou diversos pavimentos. É um elemento muito importante da arquitetura, em primeiro lugar porque garante uma boa funcionalidade dos fluxos no edifício e em segundo lugar por conta das possibilidades estéticas que este pode proporcionar.
Na arquitetura residencial, a escada geralmente se encontra próximo à sala de estar ou jantar e por isso é um elemento de bastante visibilidade numa casa, principalmente por causa de se projetar verticalmente nos ambientes. E por estar em evidência, muitos arquitetos aproveitam para extrapolar sua característica funcional e transformá-la em algo de grande apelo estético, praticamente uma escultura. A icônica escada de Niemeyer no Palácio do Itamaraty em Brasília certamente é um dos melhores exemplos para ilustrar essa questão.
Na minha opinião, o posicionamento de uma escada numa planta é uma das questões mais complexas de um projeto, principalmente se os pavimentos possuírem pouca área disponível. Não por acaso, diversos projetos que desenvolvi foram elaborados a partir da localização da escada.
Uma escada bem localizada numa residência deve integrar o máximo de ambientes possível, com um acesso rápido entre sala de estar, jantar, cozinha e quartos por exemplo. Quando você está no seu quarto e quer pegar algo na geladeira, o ideal é não precisar percorrer toda a extensão de sua casa. Outra questão a se levar em consideração é a privacidade de quem usa a escada. Alguns clientes não se incomodam, mas muitos preferem que os moradores da casa possam transitar de um pavimento a outro sem que sejam muito percebidos por um eventual visitante. Além disso, uma disposição incorreta desse elemento de circulação pode causar grande perda de área interna, podendo obrigar a inclusão de mais corredores à planta baixa. Se bem planejada, pode ser inclusive possível aproveitar o espaço embaixo dos degraus.
Deve-se também ter a preocupação em atender algumas necessidades técnicas como a largura mínima da escada, a quantidade máxima de degraus entre patamares e a relação entre altura e largura dos degraus, o que define a inclinação da escada. Se esses fatores não forem bem estudados podem deixar o usuário cansado após chegar ao último degrau ou causar o desconforto de ter o passo descompassado. Outro problema comum de algumas escadas é desconsiderar que enquanto as percorre o usuário muda de nível a cada degrau e pode bater a cabeça numa viga ou outro obstáculo.
Quanto à forma, existe uma infinidade de possibilidades: escadas de lance único, em “U”, em “L”, em arco, helicoidal. Os degraus podem ser de madeira, de aço, de concreto ou de vidro. O guarda-corpo pode ser translúcido, ripado, aramado, telado, balaustrado… Enfim, é fácil concluir que as diversas combinações entre esses elementos permitem uma enorme variedade de formatos e revestimentos.
No fim das contas, o que se pode dizer é que a escada não é somente um artifício arquitetônico para se deslocar entre um nível e outro. É o elemento que pode definir a personalidade de sua casa. É preciso dá-la a devida atenção mesmo que esteja oculta aos ambientes sociais da residência. O importante é não deixá-la passar despercebida, ou melhor, não passar por ela sem percebê-la.