Acontece em Brasília a exposição Ciclo- Criar com o que Temos no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). A mostra celebra os 100 anos dos primeiros ready made de Marcel Duchamp, que tem como essência a criação de obras feitas com objetos do cotidiano e expõe trabalhos de artistas de diversas nacionalidades. A ideia é propor uma mudança de significado a objetos comuns, uma nova maneira de olhar o que é considerado trivial.
Encontram-se na exposição instrumentos musicais feitos a partir de material de armamento, instalações construídas com palitos de dente, copos de plástico, lixo eletrônico e mesas, esculturas incrementadas com chiclete e até um lustre feito de absorvente interno (ob).
A temática de propor um novo olhar sobre objetos do cotidiano teve seu marco com Marcel Duchamp ao expor obras como seu famoso mictório, que ele teve a ideia de invertê-lo e chamá-lo de fonte e esculturas de roda de bicicleta. Além de Duchamp, dentro desta temática podemos citar artistas como Andy Warhol, Bispo do Rosário e Vik Muniz
Dentro desta abordagem e do mundo consumista em que vivemos é interessante pensar como nós no dia a dia podemos propor um novo significado a objetos comuns ou esquecidos e valorizá-los. Objetos antigos de valor sentimental escondidos no fundo do armário podem virar peças de decoração, como aquele porta-joias da vovó, um brinquedo antigo, um leque, uma carta de um amigo de infância, um artigo esportivo… Por que não emoldurá-los, coloca-los na sala? Ferros velhos, garage sales e antiquários são uma ótima opção para encontrar algo realmente diferente e dar novo uso ao que estava esquecido…
Algumas peças do dia a dia podem ser transformadas em estantes, luminárias e mesas. Dentro do design alguns entraram nesta brincadeira, como os irmãos campana, que utilizam objetos como cordas, ralos e mangueiras para criação de suas peças.

Cadeira Vermelha (fios de algodão trançados)
Por que comprar um artefato que todo mundo tem se você pode transformar algum objeto em uma peça exclusiva, com muito mais personalidade e significado? Com a correria diária fica muito mais fácil comprar algo pronto do que montar ou criar alguma coisa diferente. As pessoas dispõem cada vez menos de seu tempo para criar algo para si ou para alguém. Talvez o verdadeiro valor das coisas esteja na busca de um novo significado daquilo que você já possui e dispor de um tempo e energia para tal fim intensifica o resultado.